"Meu coração é escuro, Carolina. Queria eu ser diferente. Eu poderia ser bom, como tu és. Poderia eu, um dia, ser puro como os teus olhos? A tua inocência me assusta, menina. Fujo de ti hoje, porque tu me amedrontaste. Eu sou um monstro, Carolina. Não posso ser herói, não posso matar a minha essência. Tu preferes a segurança da tua casa, tu prefere teus pés plantados no chão. Eu gosto de atravessar desertos, eu gosto de voar, Carolina. Eu gosto de lutar, caçar, matar. Enquanto eu sou morte, tu és cura. Não posso ser o seu herói, Carolina. Não posso te salvar da tua escuridão porque não sei ser luz. Eu sou escuro como a noite. Não tenho flores dentro de mim, Carolina. Eu sou espinho. Eu perfuro, machuco. Não sei ser outra coisa, amor. Eu engano, Carolina. Eu minto e trapaceio todos os dias. Eu faço rodeio da morte. Nem ela é capaz de me parar. Olha, eu gostaria de ficar, gostaria de te ter, de te amar. Pela primeira vez em vida, sinto a dor por machucar alguém e pior que isso, sinto a dor que é amar alguém. Eu não nasci para amar, Carolina. Não sei lidar com tanto sentimento bom dentro de mim, então, partirei antes de quebrar teu coração. Não, Carolina, eu não agüentaria ter de vê-la juntar os pedaços em prantos. Guarde-me em sua memória, e por favor, não esqueça, eu não sou herói; Mas você sim. Lembre-se Carolina, tu és minha heroína agora e sempre."
Bernadete Guedes
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